Cruzeiros históricos do Caminho reconhecidos como Património
A Câmara Municipal de Valença aprovou a abertura do processo de classificação como Património de Interesse Municipal de dois cruzeiros emblemáticos do Caminho de Santiago: o Cruzeiro do Senhor dos Aflitos e o Cruzeiro do Senhor dos Caminhos, ambos localizados em Fontoura.
Estes cruzeiros são marcos simbólicos do traçado jacobeu e testemunhos da importância histórica e espiritual do percurso. O Cruzeiro do Senhor dos Caminhos destaca-se como um símbolo de protecção e fé para os peregrinos, representando um dos elementos mais distintivos deste itinerário milenar. Já o Cruzeiro do Senhor dos Aflitos impressiona pelos seus elementos esculpidos, onde sobressaem o cajado do peregrino e a vieira, símbolos maiores da espiritualidade ligada a Santiago.
Para além dos cruzeiros, a autarquia aprovou também a classificação de seis fortins térreos abaluartados das Guerras da Restauração, estruturas que tiveram um papel estratégico na defesa da fronteira e na protecção complementar da Praça-Forte de Valença. Em causa estão o Forte de São Jorge, na freguesia da Silva, o Forte de São Luís Gonzaga, em São Pedro da Torre, o Forte do Tuído, em Gandra, o Forte de São Francisco, na Balagota (também em Gandra), o Forte de Belém, em Arão, e o Forte da Gingleta, em Verdoejo. Apesar de menos conhecidos do que a fortaleza principal de Valença, estes fortes foram essenciais na estratégia militar do século XVII.
O processo de classificação resulta de um minucioso trabalho de inventariação, que incluiu levantamentos topográficos e o uso da tecnologia Lidar para obter leituras detalhadas do relevo e das estruturas fortificadas. As intervenções, realizadas com o consentimento dos proprietários, permitiram ainda a limpeza parcial e total dos recintos, facilitando o estudo e a preservação das suas formas originais.
Com esta medida, a Câmara de Valença pretende reforçar a identidade histórica e cultural do território, assegurando a protecção dos testemunhos do passado e promovendo a sua valorização. A criação de zonas de protecção, prevista no âmbito da revisão do Plano Diretor Municipal (PDM), poderá abrir caminho a futuras intervenções de restauro, integração em rotas patrimoniais e dinamização turística dos elementos classificados. Esta valorização contribui ainda para a preservação do património associado ao Caminho de Santiago, reforçando a identidade do percurso e o seu legado histórico para as gerações futuras.