Caminha: oposição acusa município de negligenciar o Caminho da Costa
O Caminho Português da Costa, que atravessa o concelho de Caminha rumo a Santiago de Compostela, está a ser negligenciado pela Câmara Municipal, segundo a vereadora da oposição Liliana Silva. A falta de limpeza, a escassez de sinalização e a ausência de uma estratégia de promoção estão a afastar peregrinos, levando muitos a optar pelo percurso do lado espanhol, onde os investimentos na divulgação são mais evidentes. Esta situação tem gerado dificuldades para os operadores turísticos que apostaram no trajeto português, entre Caminha e Valença.
Na última reunião de Câmara, Liliana Silva alertou para a necessidade de maior atenção a um setor que, no último ano, viu passar mais de 50 mil peregrinos e gerou um retorno económico superior a 16 milhões de euros. A vereadora referiu que, ao contrário do que acontece na Galiza, não há uma estratégia definida para valorizar o percurso no concelho. Como exemplo, apontou a informação disponibilizada no site da autarquia, onde o Caminho Português da Costa é mencionado de forma breve e sem destaque para a sua certificação oficial desde 2022. Além disso, defendeu que a Câmara deveria incentivar os peregrinos a seguir até Valença, em vez de facilitar a travessia para Espanha.
Outro ponto criticado foi a falta de clareza sobre o papel da autarquia no projeto Xacobeo Transfer, uma embarcação que transporta peregrinos para o outro lado do rio. Segundo Liliana Silva, cabe ao município definir uma estratégia que reforce o percurso português, permitindo que os caminhantes conheçam e explorem o território entre Âncora e Lanhelas.
Em resposta às críticas, o presidente da Câmara, Rui Lages, garantiu que os Caminhos de Santiago são uma aposta estratégica para o município e lembrou que a certificação do Caminho Português da Costa reflete esse compromisso. Reconheceu, no entanto, algumas dificuldades na sinalização, atribuindo parte do problema à existência de marcações não oficiais colocadas por agentes locais. A autarquia tem trabalhado para resolver essa questão e defende que o itinerário oficial no concelho é aquele que passa por Âncora e Lanhelas.
Sobre a travessia para Espanha, Rui Lages esclareceu que a Câmara não tem qualquer protocolo com operadores marítimos e que essas empresas funcionam de forma independente, sem licenciamento municipal. No entanto, afirmou que está a colaborar com a Capitania do Porto de Caminha para organizar esse serviço e criar um espaço próprio para a sua operação.
Apesar das críticas da oposição, o executivo municipal reafirma a importância dos Caminhos de Santiago para a economia local e a intenção de continuar a promovê-los.
Fonte: O Caminhense