Cada vez mais mulheres fazem – e sozinhas – o Caminho de Santiago
Nos últimos anos, o Caminho de Santiago tem testemunhado uma transformação significativa no perfil dos seus peregrinos, com destaque para o aumento da presença feminina. De acordo com dados recentes, as mulheres já representam cerca de 48% do total de peregrinos, com uma crescente tendência de viajarem sozinhas, em busca de uma experiência introspectiva e de superação pessoal.
Este fenómeno é, em parte, impulsionado pelas mudanças sociais e psicológicas provocadas pela pandemia de COVID-19. Durante o período de confinamento, muitas mulheres refletiram sobre a necessidade de redescobrir a sua independência e buscar novas formas de autoconhecimento. A peregrinação a Santiago de Compostela, tradicionalmente associada à espiritualidade e à meditação, tornou-se uma oportunidade perfeita para isso.
A segurança ao longo do Caminho é um fator determinante neste aumento. Nos últimos anos, têm sido implementadas várias medidas para garantir que o trajeto seja acolhedor e seguro para todas as pessoas, independentemente do género. Comunidades locais e redes de apoio de “hospitaleros” (voluntários que ajudam os peregrinos nos albergues) desempenham um papel crucial neste sentido, criando um ambiente de confiança para mulheres que decidem percorrer o caminho sozinhas.
Este aumento de mulheres peregrinas solitárias reflete também uma tendência mais ampla de internacionalização do Caminho de Santiago. Países como os Estados Unidos, o Brasil e o Japão têm registado um aumento significativo no número de peregrinos, o que contribui para a diversidade cultural e social ao longo das rotas jacobeias. Além disso, plataformas digitais e redes sociais têm desempenhado um papel importante ao fornecer apoio, dicas e partilhas de experiências entre as peregrinas.
A tendência pós-pandemia de mulheres que optam por peregrinar sozinhas simboliza uma mudança de paradigma, onde a independência e o empoderamento feminino ganham destaque. Mais do que uma viagem física, o Caminho de Santiago oferece às mulheres uma oportunidade de conexão interior, encontro com novas culturas e fortalecimento da sua autonomia.
Por fim, as estatísticas revelam que esta mudança no perfil dos peregrinos não é passageira. A busca por uma experiência de introspeção e espiritualidade está a tornar o Caminho de Santiago um destino cada vez mais atrativo para as mulheres que procuram uma jornada de autodescoberta, seja em grupo ou, como tem sido cada vez mais frequente, sozinhas.