Há quem obtenha a Compostela sem percorrer o Caminho

O Arcebispado de Santiago tomou conhecimento recentemente de uma prática que consiste na venda de credenciais do Caminho de Santiago, já carimbadas com todos os selos, por 30 euros a pessoas que não percorreram um único quilómetro da rota. Como os dados do portador não estão preenchidos, qualquer pessoa pode colocar o seu nome e dirigir-se à Oficina do Peregrino para obter a Compostela sem ter feito o menor esforço.

Esta prática, denunciada nas redes sociais, chegou aos responsáveis do Arcebispado, que a consideram um “fraude para quem vende, mas sobretudo para quem compra”. Alegam que é absurdo recorrer a tais artimanhas para obter uma Compostela que “não dá direito a nada, não se receberá nenhum prémio”. Questionam ainda: “Qual é o sentido de se gabar de ter caminhado se não se caminhou? E de que serve ter a Compostela se não se viveu a experiência do Caminho?”

O Arcebispado sublinha que, ao longo dos itinerários jacobeus, os peregrinos podem carimbar a credencial em diversos locais, não só nas paróquias, e apelam para que as pessoas nesses pontos estejam atentas e não carimbar credenciais que não tenham os dados do portador preenchidos. O problema é que, na maioria dos locais, o selo é deixado à disposição para que o próprio peregrino o estampe.

“É claro que encontraram um nicho de negócio. A necessidade obriga a afinar o engenho”, assumem no Arcebispado. Reconhecem que é “impossível” controlar esta “esperteza”, pois ao chegar à Oficina do Peregrino “não há forma de verificar se o Caminho foi feito”. Além disso, não é necessário registrar-se previamente para obter a credencial nem para iniciar a rota. Lembram que o Caminho é baseado na “confiança. Quem compra engana-se a si próprio”.

Esta prática foi denunciada publicamente no Facebook pelos responsáveis de um ponto de informação em Lalín. Afirmam que, esta semana, receberam na sua oficina oito pessoas — cinco homens e três mulheres — que se fizeram passar por guias do Caminho. Não carimbaram as suas credenciais. Afirmam que as credenciais estão a ser vendidas em sites de internet e na Praça do Obradoiro.

Fonte: La Voz de Galicia